O avião voa silenciando... arrasta o último ronco...
esconde-se no algodão num começo de saudade!
A menina no saguão do aeroporto fica estática,
por instante se esquece do raciocínio,
embriaga-se no fascínio do último abraço,
no compasso único entre beijos... adeus...
O espaço atrás da porta de vidro começa a ficar vazia,
então de repente ela se retoma,
caminha lentamente para saída.
Porém, vem o intento de prorrogar os minutos;
Olha ao redor... raciocina
Enxerga a cantina... caminha… Vai até o caixa para pedir um cafezinho.
Encosta-se no balcão, pinga o adoçante na borra do café;
sua imaginação faz fusão dentre o expresso espumoso.
Mistura-se de nuvens com linhas marrons e
perturba-se daquele voo...
Se pudesse…! Ah... se pudesse! Se fosse controladora de voo!
Mandaria no mesmo instante sinal de perigo.
"Desculpas para que o avião voltasse."
Ou se ainda fosse possível,
pintaria uma rota de retorno, ou além,
voltaria no tempo para interromper o invento
— Nada de avião. Contudo, a verdade; Nada podia.
Aquilo se passava na conversa da borra.
Se naquele instante alguém lhe dissesse:
volte ao Éden, erga lá os teus particulares.
Certamente ela procuraria uma passagem,
faria do Jardim uma cidade única.
Da cidade vazia poria um sobrenome:
só o viajante daquele Vôo de retorno.
Não pode.
Ficou ali, inerte, uma estatua de sal,
nada mais a não ser esperar
fazer da ausência uma capital de emboscada.
As noites instavam... misturavam-se com as manhãs e
lá ficavam insidiosas,
os instantes vagavam com medo de voo,
e nos mais momentos restavam-lhe o sonho:
De sonhar acordava, adivinhava o cheiro no ar,
a água de colônia, a fragrância que se esperava:
(saída do banho, fresca, com rastro do perfume sensual, com penúria de verdade.)
Às vezes desejava ser mágica,
outras vezes somente uma ave no tempo imigratório,
uma rapina que caça o espaço ausente.
Ah! Como seria bom para quela menina:
confundir a física, ficar com a presença.
Sendo que não, perguntava o porquê dos dias distantes,
e, então terminava desejando:
Bolinar passado, esmagar futuro, breganhar presente!
de J.Vitor Lemes
esconde-se no algodão num começo de saudade!
A menina no saguão do aeroporto fica estática,
por instante se esquece do raciocínio,
embriaga-se no fascínio do último abraço,
no compasso único entre beijos... adeus...
O espaço atrás da porta de vidro começa a ficar vazia,
então de repente ela se retoma,
caminha lentamente para saída.
Porém, vem o intento de prorrogar os minutos;
Olha ao redor... raciocina
Enxerga a cantina... caminha… Vai até o caixa para pedir um cafezinho.
Encosta-se no balcão, pinga o adoçante na borra do café;
sua imaginação faz fusão dentre o expresso espumoso.
Mistura-se de nuvens com linhas marrons e
perturba-se daquele voo...
Se pudesse…! Ah... se pudesse! Se fosse controladora de voo!
Mandaria no mesmo instante sinal de perigo.
"Desculpas para que o avião voltasse."
Ou se ainda fosse possível,
pintaria uma rota de retorno, ou além,
voltaria no tempo para interromper o invento
— Nada de avião. Contudo, a verdade; Nada podia.
Aquilo se passava na conversa da borra.
Se naquele instante alguém lhe dissesse:
volte ao Éden, erga lá os teus particulares.
Certamente ela procuraria uma passagem,
faria do Jardim uma cidade única.
Da cidade vazia poria um sobrenome:
só o viajante daquele Vôo de retorno.
Não pode.
Ficou ali, inerte, uma estatua de sal,
nada mais a não ser esperar
fazer da ausência uma capital de emboscada.
As noites instavam... misturavam-se com as manhãs e
lá ficavam insidiosas,
os instantes vagavam com medo de voo,
e nos mais momentos restavam-lhe o sonho:
De sonhar acordava, adivinhava o cheiro no ar,
a água de colônia, a fragrância que se esperava:
(saída do banho, fresca, com rastro do perfume sensual, com penúria de verdade.)
Às vezes desejava ser mágica,
outras vezes somente uma ave no tempo imigratório,
uma rapina que caça o espaço ausente.
Ah! Como seria bom para quela menina:
confundir a física, ficar com a presença.
Sendo que não, perguntava o porquê dos dias distantes,
e, então terminava desejando:
Bolinar passado, esmagar futuro, breganhar presente!
de J.Vitor Lemes
oi victor,belo texto meu amigo, amei.tenha uma boa noite.tere.
ResponderExcluirSensível e triste, mas muito lindo...
ResponderExcluirLindo texto. Verídico para algumas pessoas, num passado distante sentia exatamente assim nas minhas idas ao Aeroporto, quando em muitos momentos o vôo me levava também junto e o ar me faltava nas esperas.
ResponderExcluirGostei muito !!!