[ J. Vitor ]
Um sonho para ser interpretado por José "Zafenate-Paneia"
Como tudo começou não sei! Fomos
convidados para um almoço após uma feira de móveis.
Tentarei aqui descrever uma anarquia
que após ocorreu comigo.
Estava eu e Maria ao pé de uma das
colunas, olhávamos para todos que ali se encontravam. Por vaidade, me moldava
com gestos
espontâneos, pois tinha avistado uma pessoa que o tempo havia deixado no
isolamento dos 30 anos.
Estava ocioso entre a multidão quando
avistei um conhecido, ele me fez um cumprimento e após um sinal mostrando-me
uma ladeira, ele seguiu e eu segui atrás. Na primeira conversa ouvi dele um
argumento sobr e apresentação de uma conversa que ouvimos na palestra. Nesta hora, indelicado
rebati, e disse que não concordava com a tecnologia que eles usavam. Tenho para
mim que as minhas palavras funcionaram como um desligamento.
Neste mesmo instante, fui acionado num
automático de longitude. Ele continuou caminhando ao encontro de umas
mesas que estavam no canto de um salão afastado de onde estávamos. E assim,
ergueu sobr e
sua cabeça uma delas.
Fiquei desnorteado, porém segui de mesma
intenção, pus a mesa nos ombr os,
o meu pensamento começou a ter confusões. Lá adiante estava ele e junto outro tanto
dos demais que estavam no pacote do convite; desciam ladeira abaixo. Agora
estava certo de estar colaborando com as preparações, logo, logo, voltaríamos à
conversa.
Acontece
que por um desvio curto de memória, eu desci sem perceber por um caminho
diferente. Quando percebi havia caminhado umas três centenas de metro. Decidi
naquele instante que não voltaria! Seguir em frente seria o mesmo que dar a
volta ao redor daquele enorme paço. Tinha a imagem do mapa, o formato do
prédio, os seus pés de coluna, as suas vergas de concretos aparentes. E assim
descia sem mirabolar a impossibilidade de estar me afastando cada vez mais.
Estava contornando uma das esquinas, passei por bombas de gasolinas,
lanchonetes, lojas… seguia esperançoso de estar certo do meu senso de
direcionamento mental. Mesmo que duvidas pintavam meu pensamento, o meu orgulho
me proibia de parar. Uma voz falou em minha passagem: — Ei moço! Esta mesa não
é do salão do Tio Beto?
Eu dei de poucas! Podia naquele instante
estacionar a minha altanaria, parar, perguntar, e até voltar se fosse preciso,
mas não, continuei como se toda a obstinação do mundo estivesse comigo! Era como
se eu estiveste preso a um cabr esto,
tinha que seguir, eu tinha que estar certo, chegaria no local assim como uma
seta quando atinge a mosca.
Quando dei de real, era tarde, estava me
arrastando, amordaçado por folhas secas e por mistérios que me cobr iam
meio corpo. Arrastei-me para livrar os pés, um deles eu puxei para fora, senti
que ele estava cravado, quis pensar que fosse espinhos, mas não deixei de
pensar em cobr as.
Com dificuldade puxei o restante; o meu pé havia calcado um gato que agoniava
quase morto, mas que por reação de defesa teve força de encravar suas unhas na
sola do calcanhar. Com dificuldade consegui desvencilhar suas patas. Dei uma
última olhada nos seus olhos de quem contava os minutos da passagem.
Continuei o meu martírio. Naquele
momento sabia perfeitamente que havia entrado no mundo dos mendigos, tinha o
corpo forrado com toda toalha da pobr eza.
A visão já não tinha mais lucidez de
real, transmudava entre acontecimentos. Agora estava no arco de uma avenida num
lugar do primeiro planeta.
Posso dizer isto por não conhecer o que
acontece dentro das casas nobr es,
dentro dos muros que rodeiam quarteirões. Olhei para os lados, busquei um pouco
de clareza, precisava voltar encontrar-me com Maria.
Impossível! Meus miolos estavam
soltos dentro de uma caixa, nem ao menos a massa cinzenta se fixava por um fio
que fosse numa letra de razão!
Fato estranho é que vez e outra o mundo
parava de dar volta, então por segundos a lucidez voltava, a visão de uma coisa
qualquer me chamava o raciocínio; não que eu lembr asse
o começo de onde havia saído, mas sim por que atitudes de pedinte estavam nos
meus modos, nas minhas corcovadas de quem pede esmolas.
Rapidamente o mundo se desligava
novamente. Não sei bem como usava as moedas que recebia, sei que havia naquelas
coisas redondas o poder de adquirir energia para que mais tarde novamente,
eu, no mais profundo submundo voltasse olhar o sol que br ilhava no pano de fundo e as suas pessoas que
caminhavam compassos de tangos, boleros, não sei! Como tudo
começou não sei! Sei que pela madrugada tive um sonho, e como no geral, sonhos
são confusos, o meu sonho foi este!
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