[J.Vitor]
Aqui
no topo da Vila Alvorada no sentido descendo para a fonte São Bento, estava atrás
d’uma fila de automóveis; na minha frente havia um Uno velho com a parte de
trás cortada transformando o automóvel num utilitário inexplicável. Nas laterais
da caçamba erguiam-se alguns aramados de varal e vários arranjos para alongar a
carroceria.
O meu carro é simples, sem nenhum opcional; geralmente os vidros ficam meios descidos para evitar ligar o ar e ter que ouvir o barulho da ventoinha; e por esse motivo estava recebendo baforadas de fumaça preta que saía do escapamento do Uno. Além do escapamento esfumaçando, o barulho do motor era ensurdecedor. Porém tive que me manter na traseira naquele percurso da ladeira, no final ele vergou para a esquerda. A 50 metros começaria outra rua estreita com única mão para subir.
O meu carro é simples, sem nenhum opcional; geralmente os vidros ficam meios descidos para evitar ligar o ar e ter que ouvir o barulho da ventoinha; e por esse motivo estava recebendo baforadas de fumaça preta que saía do escapamento do Uno. Além do escapamento esfumaçando, o barulho do motor era ensurdecedor. Porém tive que me manter na traseira naquele percurso da ladeira, no final ele vergou para a esquerda. A 50 metros começaria outra rua estreita com única mão para subir.
Fiquei
torcendo para que o decurso dele fosse seguir reto. Tive que contar com a
sorte, visto que no lugar da lanterna havia somente o buraco sem nenhuma lâmpada
que pudesse indicar a aventura daquela viagem!
Sorte à parte, (não tive). Ele virou o carro subindo a José Bonifácio. Fiquei indignado!
Mas de repente fui acionado por um minuto de consciência, e então tive a ideia de
assumir imaginariamente o lugar daquele rapaz, que aos meus olhos, aparentava marginalidade por estar sujo, carrancudo, como se estivesse pronto para uma defesa, ou talvez... pronto para chorar.
Por
final ele encostou o carro e eu continuei o meu caminho.
Mas
de qualquer forma, eu tinha me transportado para dentro daquele Uno, e a figura
de péssima aparência, vestia-me agora num ser completamente fora da sociedade dos
homens; pensei comigo: “mortal nenhum vive tal história de estrema miséria!” Cheguei
a pensar num custo mínimo de vida no qual um ser humano qualquer venha viver situação
tão deplorável.
Não
achei saída, chorei dentro da imaginação; e chorando passei a dar a devida grandeza
por ter meramente estado do lado de uma criatura que não tem tempo para
sentimentalismo! Ele precisava recolher o mais que pudesse das quinquilharias
que sobr am das casas…
Sem
ter a devida atenção, ali estava um herói. Um herói esperado pela família…
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Amigos para sempre