[ J. Vitor ]
O meu vidro esta entenebrecido,
o céu
vestido de cinza, e aqui
Talvez o lamento seja das previsões futuras.
Em cima da
mesa, está posto uma arquitetura que emudecerá completamente este meu posto de
vigia. — Uma edícula nova esta se efervescendo da segunda laje. Tão breve terei
que me mudar, ou simplesmente morrerei de tédio…
tudo que existe neste instante tem as dimensões de 2/0,50, cujo o
formato revela-me o mundo como se ele
não passasse de alguns prédios e varias residências, e dentro delas os
despertadores estão emudecidos.
Concluo, enquanto o mundo dorme, a
natureza deste enquadramento me acode com poesias…
Passaram-se as horas, tomei múltiplos
cafezinhos; caminhei dentro de casa, (andei sem ruir o piso), sentei na copa,
ajudei Maria estender a toalha. Enquanto ela arranjava o frango assado na
travessa, eu punha os talheres. Almoçamos o galeto da padaria próxima.
A garoa é contínua! Está lavando o
verde, as folhinhas espalmam os pingos até que o peso d’água faz grudar seu
corpo ao caule. As calhas trabalham. Os tubos que descem delas imitam cachoeiras
do paraíso, o seu farfalhar cura o silêncio com silêncios. Maria lê, eu me
estendo no sofá junto do prenúncio do frio que chega aos poucos. O cobertor
cobre meia perna. Premedito — Até ao cair da tarde, dormirei ao som da flauta
que vem lá da outra sala.
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