[ J. Vitor]
Se somente fosse simples ou um patriarca desleixado, um descuidado Quincas
ou um habitante distante, talvez, teria o que sinto falta: um pouco de mim
próprio, um pouco de quietismo, de orgulho; o suficiente para não estar vexado,
calado, sem jamais precisar de apoio.
Se somente fosse coelho, acuado, sem fôrma sem sapato, sem moda sem
gravata, sem o carro na garagem, sem a carteira ou certidão de nascimento; não
precisaria de mim próprio. — Teria de mim, o próprio!
Não sou tão simples! Não sou só pó! Sou fumaça, filho, e um paletó de missa.
Não sou letras, vírgulas ou frase banal! Sou a satisfação de ser sentido,
sou um coração metido de casual extrovertido; sou os dedos e duas mãos. Gosto que me apliquem espírito; até
mesmo quando me rasuram.
Na verdade não sei ser este machão que dorme na calçada, que pula carnaval
no salão distante.
Sou: o medo de ouvir; à vontade da conversa: seja ela espontânea ou
informal; sou como a raia de sedas e cerdas embaraçada no galho sendo perfuradas
a cada puxão.
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