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segunda-feira, 16 de junho de 2014

Minto

J.VLemes

Aquele amor não me deixou mundo.
Retirou a mobília do sentimento,
Anulou a propriedade dos meus pés,
Esgalhou o domínio da alma.
Ai de mim! O vazio ficou,
Sinto que o ar se perde… calado.
 O lugar desta varanda… chora.
Nada deixou aquele amor.
Fiquei pobre: dois pés sobre espinhos,
Duas mãos carregadas de lembranças.
Nada mais, nem uma lona para abrigar o
                                              [coração    
O cantil assente seco, raspado da vida.
Meu cerne sobrevive da mentira  e contos:
Conto para ele que Cinderela foi minha namorada…
Minto.
Minto com veemência, divido as palavras em profecias de amores; e assim o faço, gemidos e dias,
Na boca da noite, minto…

Calado, sangro os olhos por viver tão só.

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