LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Cada momento!...

Não sei ser o mesmo...  Há penúria nesta manhã fria. Infiltra-se de procedência; (da mesma vivida lá atrás, do mesmo desjejum, da mesma cadeira branca, da casa antiga, da mesa ampla e das nossas mãos cobrindo-se uma da outra).
Sentados… vivíamos na contemplação de quando a chuva denotava sutileza nas telhas, (eram harmoniosas notas que iam surgindo, seu arpejo delongava-se em minutos quietos… depois numa variável de gotas juntas; desciam pelas canalizas das telhas… formavam uma orquestra!) — outras composições havia… — Bebericávamos chá, falávamos,  - “Maria sorria do cão que choramingava do lado de fora.” (…O gotejo continuava sua composição; nossos ouvidos dançavam das deléveis notas solfejadas nas folhas… quando olhávamos para fora; as palmas largas da bananeira eram as que mais cantavam!...)     
Calávamos… contemplávamos desde orvalhar da garoa vertical. Outras vezes a brisa desenhava orbitas inclinadas… — Era uma viaje acontecendo atrás dos vidros: gotas… mais gotas que caiam das folhas. As letras daqueles instantes preenchiam-se dos nossos monólogos e desmanchava-se entre as torradas e o liquido quente.

Amabilíssimos comentários, Imaculados cumprimentos que nos envolviam e nos acordejava de horas e dias, dias e sorrisos; — “as águas calavam no mundo…”

Muitas vezes, Maria saía da camisola, entrava na veste usual, no labor dos afazeres, nos instantes em que as crianças lhe vinham — mamãe… cadê meu lanche? Cadê minha pasta?
Prontamente tudo estava na mão, ela estava naquelas manhãs.  “— Entre estes compêndios, memoro a felicidade:”
Hoje quando estou só, não sei ser o mesmo, recordo-me das tantas cedilhas, das refeições, do nosso prato preferido, do nosso amor pedido, dos passeios no jardim, do Shopping, da compra de cada mês… — Lembro-me dos compromissos: da carne, da conta a apagar, do corte de luz, das dores que tínhamos nas madrugadas…
Não sei ser o mesmo se não for para mesclar os chuviscos que nos acordava nas noites, que desciam do telhado, outras vezes varavam as telhas; a noite terminada abria a janela; do lado de fora, as folhas nas ramagens embebiam-se de águas, as árvores, juntavam-se dos pássaros, os pássaros escondidos sorriam para chuva, replicavam o dia.
De precisarmos de pão, de sairmos para o trabalho, de irmos à missa, embrenhávamos rua afora. Os olhos invadiam as paisagens perfumadas de receberem ás águas.
Meus olhos são os mesmo, delira por ter vivido nestes encantos, de ter ouvido a garoa, de ter ouvido a tudo, de ter assistido o balançar do tempo quando este chacoalhou a tantas procedências boas.
Fica sempre esta alusão aberta, e nela o tecido sereno que me adentrou alma. É como uma imagem perene "vem desfazer o vazio e plantar motivos:" vêm, nem que seja no desjejum, no almoço, no café da tarde e no atravessar das alegrias da noite.
Não sei ser o mesmo sem você nesta chegada de colheita, fico encasulado quando por mim a tarde passa trazendo a noite com delongas; bisbilhota sobre o teu lugar vazio; é como se perguntasse… por que as lágrimas? A madrugada igualmente zomba por ver-me em prantos.
Quando você chega pela manhã, então sim, recomponho-me do mesmo, sei ter resposta para a solidão; deixo de estar carente e passo a plagiar a alvorada.
Como é impossível relatar a cada minuto?
Procuro escrever os momentos bons, mesmo porque são eles que nos faz mesclar a vida apagando os muitos por cento de adversidade, que são eles: as perdas, os perjúrios, a pega com o vizinho, o rim inflamado e tanto mais! Se existisse a possibilidade de uma tabela aonde houvesse colunas de amor, colunas de ódio, colunas de acidentes, enfim, colunas de percentagens, diria agora que só registrei rasuras de um por/cento/momento!
Quisera que no diário  tivesse só por /cento/paixão.
Têm também assuntos do caderno, estas eram feitas quando ninguém podia entendê-lo, quando ninguém queria ouvi-lo; então conversava com as folhas lisas, colocavas as suas horas evasivas. Era a sua forma de se sentir igual; (dentro delas arrastavam-se suas frustrações):

Escrito por José Vitor

Um comentário:

  1. E a saudade brota, enche o peito e derrama-se alma afora...
    A vida é sempre muito linda...
    um beijo

    ResponderExcluir

Amigos para sempre