Neste silêncio de tarde!
A cidade passeia na minha janela;
Avisto a praça. Dona Joana tricota
Sua neta brinca. Os moços namoram.
Todos. Nenhum há que me aviste
Coloco-me deste lado gradeado… inocência:
Acusam-me de pobre, desgracioso, e,
De outros vultos. - Sou vitima;
— condenado para viver só…
Neste silêncio de tarde
Vou à janela, amoldo-me do ócio,
Das sombras que vagueiam sem suntuosidade.
Cá passa o universo, traz silêncio,
O bastante para mapear o espaço do nada
E fazer-me imperativos de interpretações.
Que bom se não houvesse esta agoniação,
E que a taça de absinto fosse de vinho.
Contudo, tiro deste translúcido, abstinência,
Tiro dela os meus ideais… Consciência,
Elevo-me inculpe pelo acervo encerrado,
No direito de dizer o meu nome… Penitenciário…
Pra quem me redirei neste silêncio de tarde?
Vou à janela e nela vejo a moldura sem alarde
Encerra-se em sobras de nuvens
abaixo do céu denso como se procurasse pretenso.
abaixo do céu denso como se procurasse pretenso.
Antes não fosse esta que calandra o espaço do nada.
Fico aqui como a interpretar a vida calada;
Tiro do branco imenso linhas de abstinência,
São iguais as dos meus ideais… sem condescendência.
de J. Vitor
Muito bom! Gosto muito quando o escritor veste uma roupa que nunca usara e se expressa melhor do que o próprio personagem o faria, se lhe tivessem perguntado algo...
ResponderExcluirAlice
As reações (legal, interessante e engraçado) estão incompletas. Falta ainda maravilhoso, perplexo ou estagnado e coisas desse tipo. Com certeza serão as mais clicadas!
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