De alguns sonhos de infância, recordo
plenamente. Alguns eram de voar,
atravessar o mares e rios, tocar pipas nas estrelas; acordava com a cruzeiro do
Sul me devolvendo as que enganchavam na corcunda da sua cruz. A Estrela Dalva,
carrancuda pelo molestamento, fazia-me queixas sobre o cerol que lhe deferiam as
cores.
Depois, passando pela fase maior recordo sonhos
agitados, confusos, atribulados por me ver andando descalço pelas ruas da
cidade, outras vezes, sem roupa. Comumente acordava aliviado por saber que era
somente sonho.
Não vou detalhar as noitadas profanas que na intimidade
descobria meu corpo, o colchão de mola não era discreto.
Nestas épocas eu estava me conhecendo como menino,
e como menino, a dor aguda do desconhecido molestava-me a tal ponto de acordar
excitado. Ainda não conhecia o oposto, mas tomado pelo gosto das imagens;
dormia perto do ponto G.
Hoje, os sonhos rarearam, e os que ficaram, se
tornaram industriais. Creio que já não os tenho originais. Os ledos pensamentos
são unanimes em recordar as noitadas de baile.
Fazendo parâmetros, tudo mudou na virada dos LPs,
ainda acordo na caminha de ferro, ou em poltronas das salas, onde varava
madrugadas assistindo Jerry Lewis, lendo romances.... Pela manhã premeditava
conhecer uma donzela que topasse morar comigo debaixo de uma ponte. O amor era
insano, mentia para a realidade. Veio o mais tarde para me contar isso. A vida me contou tudo, talvez seja esta a
causa dos sonhos pausados e tornados em pesadelos.
Ficando adulto, os sonhos também cresceram, algumas
das minhas namoradas devem estar passando pela menopausa. Todas elas me
esqueceram, me trocaram por namorados, e, eu as troquei por Maria.
*Eu comecei a falar de sonho, não vou alternar por
melancolia, portanto, termino dizendo: O sonho de um homem maduro é o resultado
de uma vida toda.
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Amigos para sempre