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terça-feira, 4 de março de 2014

Homilia


J.VLemes

Senhor, eis me aqui, esquecido, dou pouca importância a esta parede e a este singular digital, se ele quer me falar de horas: tanto faz. Se no corredor o calendário me der parabéns, somente direi obrigado. Sinto-me acovardado, aproveito a esta febre, a este meus olhos inchados e o meu peito chocando-se contra o colchão para aquietar-me do meu monstro.
Senhor! Não me refiro ao padre Anchieta; há muito tempo ele foi embora, levou a minha escolinha, apagou a minha lua, me embolou entre os portugueses e minha veia respira subjetividade. Falo agora de distar oprimido, dos meus pés inchados; sinto-me irreverente como o ateu. As minhas mãos apalpam o abdômen, levo susto: uma ave rapina passou aqui, levou o indicador. Na falha, abro a palma contra o céu, e vejo o Sol vazar pelos dedos.
Se ainda houver dia, estando nele aproveitarei para saber sobre  meus arranjos de homem: “não me preocupa ajeitá-lo, mas, preciso arrumá-lo.”  
Quero adiar a festa para importar-me com o dia da resta
Quero menosprezar as publicações, as felicitações de aniversário.
Preciso para isto, dois segundos: Ler o pensamento deste comentário.
      ... É luxo colocar os pensamentos em seda?
 ... luxo maior é destroná-lo de sua larva.
Se presente me couber, que tal uma cerveja, um belisco qualquer e a mesa rodeada de prosas e de contar proezas.
Que tal adiar os parabéns, deixar a música para o próximo intervém.
Se fizerem questão, tudo bem; cantem baixo: não quero me gastar de emoção.
Na verdade! Quero! Cantem…!!!

Como seria o mundo sem parabéns pelo amanhã?

Respondo, Não seria o mesmo. Portanto, exijo! Felicitações e conversas.
Garçom… encha a mesa, traga o bolo da reserva.
Exportarei para o dia da resta o bolo desta festa.
Aproveito-me do luxo destas letras para estornar a favor de um pedido: honre-me o Estado com um dos seus caixões singular. Baste nele paredes e um forro plástico para que a minha ida não pingue no chão.
Dou ordem aos legistas: ao terminarem a anatomia, libere os meus germes desnecessários para as primeiras horas do sepulto.    
Não queixo de nenhuma terra, cuja este suor conheceu; cuja estes pés saudaram.
Tenho pressa! Espero distar despercebido: sem a folia do velório. Tão breve me atestem, tão pronto, podem me encobrir.
Rogo que Deus continue o bem que me “fez” transladando aos meus amores.
Confessarei concernências: temo a morte demorada
                             Temo voltar de um coma
                             Temo tornar-me numa vida dependente
              Vaidades:   tenho pelos netos.
                          Tenho pelos demais sucessores.                  
                          Tenho pelo juízo que se fará a este respeito:
                          Certamente saber-me-ão quando chamava por mamãe, quando cresci e fui chamado de papai, quando fiquei velho e me chamavam de avô.
        Atesto: o meu cavalo branco que não tive
                 Os meus cadarços que nos sapatos se romperam
                 Só não atesto lista a estes braços consumidos de quinhentos quilos; porém, os quilos entram para atesto.   
                 Se acaso ainda for ao Jordão, levo a plenitude como bordão. E lá, do outro lado, Jerusalém, minha única herdade.

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