Vinha
distraído, esvoaçava o pensamento.
Levava-me ao rapaz de outro tempo!
E neste transe, esqueci-me trazendo o passado.
Descendo do trem em que estava
Sentei-me numa cadeira da estação
Procurei um lápis, improvisei um papel,
Deixei copiar da alma... Toda lembrança:
Lembrei-me de quando lhe
pedi a mão…
Tu sentavas ao lado oposto
da poltrona,
Todos...! Ali... Calados,
assistiam a indagação:
…Foram instantes duros como um tatame sem lona…
Viso às
tardes que separei para nós, pois, fiz delas as minhas folhas,
Plantei as
estações dos anos…! Tudo começou ali!
Ali, aos
pés das hortênsias que abeiravam a casa;
Tomei das
suas folhinhas miúdas e azuis,
fiz do seu
cenário imagens de primavera.
Depois… Seu
Abílio concedeu o nosso namoro.
Todos saíram da sala, eu adivinhei o teu sorriso.
Tocava em
tuas mãos, apertava o teu rosto contra o meu,
e ficávamos horas até que a sombra da noitinha se punha nas cortinas.
E então os lugares nos sofás começavam a serem invadidos,
Alguém nos
trazia um cafezinho, e a TV era ligada.
Devolvia a xícara
vazia na bandeja;
Sorrateiro
entre acenos… caminhava afora.
Aos mesmos
passos tomava o teu braço no sentido da varanda.
Na verga do terraço havia ramas e uma gaiola
dentro dela o canarinho já se encolhia dos últimos cantos.
Era sinal de mais um aviso
Dava-lhe o
beijo derradeiro…
O portão de
ripas rangia indeciso,
ele era prova
das palavras de amor.
de J.Vitor
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