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quinta-feira, 12 de abril de 2012

Vamos relembrar Carlos Drummont

( J. Vitor )

Que vergonha...
Vidas, vazias, sem comidas, sem eficácia. Farrapos e falsos remédios, genéricos que já não estão mais nas farmácias.
Que vergonha… Quando corpos se mostram de raparigas de fome. Crianças são largadas. Lançadas. — despenham como mulher… se consomem; transforma-se em paisagens nas ruas afamadas.
Que vergonha… De ver o congresso roubar a confiança; Levar famílias para os viadutos e pontes. Escusando-os de telégrafos e fianças. Pois, só há banhares de lodo, aos montes,
Cercando as boas vindas e sujando a sorte.
Que vergonha… Fumaças entram nas casas sem parâmetros; Invadem as janelas, vão parar nos telhados. Pontes, que se esticam a quilómetros: Guarnecidas de segurança, evitando os descamisados. Para atravessá-la o pedágio é real, para percorrê-la, preço de ouro, ou carros da estatal...
Que vergonha... Há milhares de desabrigados visíveis. Vão pelas ruas, moram nas praças obscenas. Enquanto em outras cortinas se erguem projetos tangíveis, Como, o colorido da Vila Madalena. Preservam as árvores e desprezam as flores. Faz ruas particulares com muito ouro e marfim. Erguem-se muros para os novos de Berlim, Para os poderosos compradores de valores.

Que vergonha... Poluição, lixos, fumaças da maquinas, pós-químico de fábricas que geram doenças e despejam pobres nas esquinas, sem a sorte de vestimenta ou esperanças.
Lá se foram e vão formando cortiçoso em escalas. Isto é resultado de tendões plácidos, ouro sem brilho, Criança sem riso, capitalizações sem cautelas, Quebradeira de homens, sem trilhos... Sem filhos...
Que vergonha... Estão nos ares super aviões, potentes de cargas, Interligando as pontes aéreas poderosas, para piratas sem origens e comando de drogas. Para políticos que planam com as públicas asas. Após taxarem impostos nas províncias e casas. São edictos nos cofres públicos sem eira. Bebem o mel e fartam-se de iguarias. Do desfavorecido tira a Segunda-feira, Tira a Terça-feira, tira-tira, tira-lhe a feira, Tira o único dia que é o Domingo com a família...
Que vergonha... Cede e rachas de seca no Nordeste. Ao passo que poços artesiano estão escondidos. Animais e vegetais se tornam retirante... As línguas dos gados secam, lhe é tirado o mugido. Vão desnudo no silêncio de morte e peste...
Que vergonha... Elaboram reformas comedidas. Elas soam barulhos como metal.
Fazem diferenças de credos, raças e vidas. São políticos incompatíveis, se acham o tal.
Vorazes a votos, aparentes só nas lectivas, aptos para falar na mídia e após repartirem pizzas concessivas. Quando ao mesmo tempo há outra origem vivendo rotos, maltrapilho e sujos... São estes de barba negras das fumaças e fuligens; De vestes pretas, piche de labuto luto e abusos...
Que vergonha...
Nos albergues não há cama nem comícios; há filas de moços e velhos, filhos e filhas.
Os rabos dos cachorrinhos são cedilhas, Presilha cível na guarda de garra, na guarda de barra que Deus dá. Deus dá garra, Deus dá barra, dá o trigo, dá o cereal. Os maus lhe opõem... Fecha-lhe a sorte, Nada fica de material. Portanto, tudo resta... É espera da após morte!
Que vergonha... Vejo vidas em comum; pessoas de várias partes empobrecidas, retirantes de cheias em jejum, vidas de secas e terras fendidas. Buscam convívio em terras alheias

buscam direitos em outras culturas, sonham com casas de tetos e teias, trazem de si unicamente o Norte sem estrutura. Trabalham labutam, sem a mínima posse convincente.
Que vergonha... há muitos mortos e quase todos feridos. Transformaram os moços em farrapos de drogas; emaranhados estão em fugas, perdidos... Este mal consome as mães meigas, cria uma velha que não pode esperar, murcha e morre pelo filho bandido...
Que vergonha... Os mutilados são proibidos de mendigar, e não encontram banhos nem nas poças públicas. Casas se transformam em favelas populares, e favelas são tiradas por nada de justiça. Estão proibidas de surgirem como lar, mas pulsam como um coração que expele sangue sem parar.
Que prazer teria... Erguer os olhos e ver os rios despoluídos e menos podres. Ricos mais preconcebidos a favorecerem dízimos de sorte, igualdade de poderes.
“enfatizo” — Desça o social e erga os recursos escondidos:
Será colírio aos olhos dos que choram; Graça nos sorrisos de boca rude; compaixão no coração dos que não exploram.
Que prazer teria... Se os frutos tornassem nos seus sabores de plenitude, Se os olhos se embrenhassem de caridade, e se enrolasse de amor e atitude... Seria este o mundo da verdade.
Voltaria os homens embevecidos, fortalecidos, Repararia as causas de maus momentos;
Tiraria o frisado do corpo da alma e dos sentimentos; não deixaria o pecado mal dado de vencimento. Deixada seria a pilastra, abrigadas de empobrecidos.
Que sorte teria... Ver homens que fazem o bem; comunidades que pasmam quando criam,
Quando buscam, quando confiam. Que sorte teria... Por ver braços que se erguem para triturar pedras; Que se erguem livrados para a liberdade; Braços fortes desfazendo as trincheiras; abrindo caminhos de crença, de igualdade; criando casa de bem, feituras de
muitas maneiras. Que sorte teria os meus olhos por não ver mais os homicídios, suicídios,
latrocínios, os inexperientes e fracos de drogas; Os meninos de ruas, Os homens que mastigam mulheres; As mulheres que se dissolvem.
Que mau prazer teria... Conhecer de perto os fazedores de constituinte. Os criadores de impostos. Os omisso a guerra do desemprego existente, os criadores de fome e furtos,
os opositores de abrigos, lançadores de doenças e maus amigos... Que mal prazer teria!!!
Meus olhos se fecham, não quer esta vivenda de canibais.
Meus olhos são os pobres que sofreram faltas tais
Meus olhos estão em mil choros pelas medidas eleitorais
Meus olhos são os olhos cansados de repetidas fantasias...

Pelos olhos estarem pequenos, estou nesta rebatida, ao poema de Carlos Drummond,
que conviveu o cheiro da 2ª guerra, balançou nas cordas de batalha, chorou com os Russos em Berlim e fez carta a Stalingrado.
Numa visão em 1944, percebeu que seus olhos eram pequenos para ver a massa de silêncio concentrada sobre a onda severa; piso oceânico, esperando a passagem dos soldados.
Viu os poderosos frios e calculistas que não se diferem dos anos 2000, seres humanos, sem casa, sem camisa, vendo o vento e comendo relento. “Míseros cambaleantes” expostos ao corte do frio, usando mantas de geadas. Lutando sem fuzil e sem poder fugir; Querendo ao menos estar numa praça, ou conquistar o coberto das pontes; Lutando pelo ouvir e pelo nada de víveres. Porque são altos os sorrisos de maquiavélicos, são muitos, Arruínam derrubam, Lançam destroços de ataque e garras. Seus efeitos alegram a capitania.
Porventura, passou as guerras? Quando continuamos a babar sangue e massas transformam-se em ratos.
Aqui estamos a ver homens que espalham paz e segurança. Paz para os velhos e para as crianças.
Como pode haver paz? Estão nas mangas políticas, (os Ases).
Aguardam rompimentos dos muros, Fazendo sacrifícios de farrapos.
Muros caem para o lado de Berlim.
Casas desabam nos mananciais, despenham dos morros, e derretem nas partes pobres.
Das ruínas surgem entre pó de pedras os que rasteiam sem paladar, até a hora da nossa morte e da dor dali se ir... Amém!


4 comentários:

  1. 1 comentários:
    Alice Z Lemes disse...
    Lindo, pai! Estou sem palavras e quase sem olhos... estão miúdos de refletir nesta dura, nua e crua verdade.
    3 de junho de 2010 19:18

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  2. Das ruínas surgem entre pó de pedras os que rasteiam sem paladar, até a hora da nossa morte e da dor dali se ir... Amém!
    amigo que bela postagem. amei. beijus tere.

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  3. Uma crônica para fazer pensar, com conteúdo pra fazer história no drama real da vida.

    Não deu pra desviar a atenção ao ler este texto.
    Adorei !!!

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  4. muito comovente... pena ser tão real...

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